segunda-feira, 7 de março de 2016

Machine learning, a nova fronteira

Algumas atividades serão substituídas por máquinas. Mas em muitas outras, as máquinas nos complementarão

Cezar Taurion *

Publicada em 10 de setembro de 2015 às 07h50


Outro dia estava pensando nos meus netos e como seria a futura vida profissional deles. Sei que eles não usam e jamais usarão teclado e mouse como eu. E que provavelmente não precisarão aprender a dirigir. No mínimo não precisarão fazer baliza... A Internet e os apps já fazem parte da vida deles que cada vez mais estarão vivendo em um mundo digital, com novos hábitos sociais.
O avanço da automação e, mais recentemente, do conjunto de tecnologias que chamamos de “machine learning, vai mudar em muito as profissões atuais. O impacto da robotização chegando às áreas de conhecimento muda nossa percepção sobre automação. Antes era consenso que automação afetaria apenas as atividades operacionais, como nas linhas de produção. Mas agora percebemos que podemos vê-la atuando em atividades mais mentais do que manuais, que envolvem tomadas de decisões, que tradicionalmente abrange pessoas com formação universitária e são responsáveis pelo extrato profissional considerado superior.
Parece impossível? A cada dia surgem mais evidências que esta mudança está bem mais próxima que pensamos. Em 2011, o Gartner, através de um de seus analistas, Nigel Rayner já afirmava: “Pode chegar um dia em que a automação substitua as pessoas nas tomadas de decisões nos negócios. As máquinas substituiriam os administradores que atualmente confiam em instinto, experiência, relações e incentivos financeiros por desempenho para tomar decisões que algumas vezes levam a resultados ruins.”.  O texto está emhttp://computerworld.com.br/gestao/2011/10/21/maquinas-podem-substituir-pessoas-nas-tomadas-de-decisao.
Este cenário vai nos obrigar a mudar muitas profissões e obviamente a redesenhar a formação acadêmica para enfrentar este desafio. Estamos realmente formando as pessoas para as profissões do futuro? Um interessante ensaio sobre as profissões do futuro pode ser visto emhttp://www.news.com.au/finance/business/futurist-morris-miselowski-predicts-the-jobs-well-be-doing-in-2050/story-fn5lic6c-1226894721996.
O primeiro passo é reconhecer que algumas atividades serão substituídas por máquinas. Mas em muitas outras, as máquinas nos complementarão. Mas isso significa que temos que expandir nossos conhecimentos, pois as atividades básicas de muitas profissões serão automatizadas. O diferencial humano estará na nossa capacidade de criatividade, flexibilidade, emotividade, motivação, liderança, relações interpessoais, ponderação e senso comum. Infelizmente a atual formação acadêmica não enfatiza muitos destes aspectos em seus conteúdos programáticos. Por exemplo, a tecnologia nos ajuda muito na análise de dados, mas a tomada de decisões exige retórica e poder de síntese.
Se o processo decisório for meramente automático, a máquina assumirá 100%do trabalho.  Nos concentraremos no pensamento macro e abstrato, deixando as máquinas desempenharem apenas funções que estarão abaixo de  nossa capacidade intelectual.  Um exemplo simples: um advogado usará algoritmos para analisar e cruzar milhares de documentos legais e lhe sugerir estratégias de ação, para ele ficar livre para dedicar toda sua energia na preparação da argumentação, que além de suporte documental  é influenciado  pelo conhecimento do contexto, emotividade e pensamento abstrato de como conduzir a estratégia.
Muitas atividades do setor de serviços serão realizadas por robôs.  Estes já estão maciçamente presentes no ambiente industrial, mas estamos apenas começando a ver sua aplicabilidade em serviços.  O exemplo do GiraffPlus (http://www.giraffplus.eu/) da Comunidade Européia no uso de robôs como auxiliares de cuidadores de idosos é um primeiro passo nesta direção. Atividades que já se tornaram praticamente robotizadas, como atendimento de call center, consultores financeiros e de vendas, que seguem rigidamente scripts pré-definidos, não terão espaço na disputa com sistemas “inteligentes” como o Watson, por exemplo. Afinal seguir um esquema pronto uma máquina pode fazer, e até melhor, pois pode considerar inúmeras outras variáveis consultando em tempo real informações dispersas em dezenas  de bancos de dados. Mas a capacidade de ouvir, refletir e criar vão tornar a função diferenciada.
Assim, este cenário cria novas funções, elimina outras e transforma as demais. Não podemos pensar única e exclusivamente em uma disputa por espaço home versus máquina, mas como expandir nossas habilidades únicas com apoio delas.
Estamos vivendo um ponto de inflexão e precisamos entender a exponencialidade das inovações transformacionais que estão sobre nós. Mudanças nas profissões e na formação profissional será inevitável. Quanto mais cedo entendermos os impactos das mudanças, mais preparados estaremos. Recomendo a leitura do livro “The Second Machine Age” (http://secondmachineage.com/ ) que no mínimo nos instiga a repensar muito dos paradigmas atuais.

(*) Cezar Taurion é CEO da Litteris Consulting, CEO da ThinPost e autor de seis livros sobre Open Source, Inovação, Cloud Computing e Big Data

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